O mangá Origin retrata um androide consciente em busca de cumprir a missão imbuída pelo criador no leito de morte: “Viva de forma apropriada”. Disfarçado entre os humanos, ele tenta entender e cumprir esse objetivo. A história ainda não foi concluída mas não é difícil ver que se trata de uma nova roupagem, mais violenta, para a história do Pinóquio, com um pé em Blade Runner.
O cenário é Tóquio em 2048, dominada por gangues após a conclusão da ferrovia Eurásia. Paira sobre a cidade o edifício de uma megacorporação que fabrica androides. É nessa empresa que Origin trabalha, disfarçado. Outros androides, quase irmãos de Origin (ou quase filhos), se escondem da humanidade enquanto procuram uma forma de evoluir e um dia dominar a tudo.
É clichê, mas é interessante ver as escolhas narrativas para o personagem e como o autor desenvolve a história. Origin opta sempre por armas como espada, feita de músculos artificiais, e uma espécie de funda (ou atiradeira). É bacana ver o argumento de que, com um cérebro e músculos artificiais, a funda se torna uma arma bem letal. Em certo momento, ele utiliza músculos artificiais como uma espécie de exoesqueleto para ficar mais forte.

O traço é bem interessante, mais adulto. Parece que o autor costumava desenhar histórias pornográficas, então há enquadramentos bastante apelativos.
O ritmo é um pouco lento, quase no sentido de enrolar o leitor. Em certo momento, o protagonista vira autor de histórias eróticas pra ganhar dinheiro e conseguir recuperar/melhorar o próprio corpo. Aquele momento WTF que destoa de todo teor sério da história até então. Há uma personagem que se torna um interesse romântico, a medida do possível para um androide. Com o relacionamento se tornando mais próximo, o próprio personagem começa a evoluir da própria maneira, caminhando pra se tornar menos artificial.
É leitura boba, com boas cenas de ação e alguma dose de criatividade. Se perdeu o link no começo do texto, segue aqui novamente: Origin.
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